quarta-feira, 30 de abril de 2008

Peixe..inho!


lá vai o peixe balão
inchado e pimpão
cheio de pompa e circunstância
ilusionista de profissão
faz-se crer maior do que é
faz-se crer poderoso. sabichão
sonha-se o rei do alto mar
sonha-se dominador e ditador
julga-se capaz de tudo. dono de todos
vive na ilusão
sonha-se entre a multidão ajoelhada
entre ovações e reverencias
sonha-se e incha...incha...incha
mas cuidado peixe balão
és frágil. pequenino. insignificante
não cresças muito porque não há espaço.
onde nadas não é alto mar ... apenas ... um simples alguidar!
Haja paciência para quem se julga mais do que é...

quinta-feira, 17 de abril de 2008

frases desfeitas...














onde comem dois, comem tudo.
quem faz a cama, deita-se e dorme.
muito riso, goza-se alguém.
quanto mais alto se sobe, mais os outros são pequeninos.
quem tudo quer, todos pisa.
quem espera, fica a ver.
quem parte e reparte, joga em cara o que deu.
quem tem boca, corta na casaca.
quem vai á guerra, dá e foge.
grão a grão, engana-se o pato.
quem avisa, trabalha nos ctt.
em casa de ferreiro, a fome é a dar c'um pau.
nem tudo é preto e branco, a não ser que sejas cão.
haja paciência para o mundo ao contrário...

sábado, 12 de abril de 2008

caminhos turtuosos por escadas direitas


pela sombra da escada vão as pernas. sentindo cada degrau passo a passo. sentindo cada vazio degrau a degrau.
pela sombra das paredes vão as mãos. amparando a caminhada. sentindo cada ruga. cada saliência.
pela sombra do tecto vai o olhar. adivinhando a escalada. sentindo cada movimento. buscando cada linha de luz.
pela sombra do silêncio vai a boca. cantarolando cada som. recebendo cada eco.

a cada caminhada vai o corpo. preso a cada alma. completo. repleto.
a cada caminhada vamos nós. respirando firmezas carregadas de duvidas e medos.
a cada caminhada vamos nós vivendo. verdadeiramente vivendo...

sexta-feira, 11 de abril de 2008

o tempo não pára - Cazuza



Disparo contra o sol
Sou forte, sou por acaso
Minha metralhadora cheia de mágoas
Eu sou um cara
Cansado de correr
Na direção contrária
Sem pódio de chegada ou beijo de namorada
Eu sou mais um cara
Mas se você achar
Que eu tô derrotado
Saiba que ainda estão rolando os dados
Porque o tempo, o tempo não pára
Dias sim, dias não
Eu vou sobrevivendo sem um arranhão
Da caridade de quem me detesta
A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas idéias não correspondem aos fatos
O tempo não pára
Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não pára
Não pára, não, não pára

Eu não tenho data pra comemorar
Às vezes os meus dias são de par em par
Procurando uma agulha num palheiro
Nas noites de frio é melhor nem nascer
Nas de calor, se escolhe: é matar ou morrer
E assim nos tornamos brasileiros
Te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro
Transformam o país inteiro num puteiro
Pois assim se ganha mais dinheiro
A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas idéias não correspondem aos fatos
O tempo não pára
Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não pára
Não pára, não, não pára
Cazuza

sábado, 5 de abril de 2008

melancolia fadada


deu-se em fado o manel. não por descobrir sua alma lusa. essa já a tinha e sabia. mas por se dar á melancolia. dessa que moi cá dentro. dessa que desperta as mágoas passadas. que faz explodir o peito e rasgar a carne. que faz os olhos razos de água e a voz em nó na garganta.
deu-se em fado triste e ritmado. ao ritmo do coração partido.
deu-se em fado viajado. daqueles que se parte para mais tarde voltar.
deu-se em pesadelo e agonia. insónias. apatia.
deu-se por fim em ódio e soldado de armadura.
jurou não mais se dar...jurou não mais...
como a dor e o amor se confundem por andarem de mãos dadas. parece que a tal melancolia tem por nome maria...
haja paciência para o medo de repetir o risco...